Indústria catarinense gasta R$ 0,11 em logística por real faturado, diz Fiesc
Dados sobre o cenário e desafios foram apresentados no Painel Move SC, realizado em Chapecó. Move SC discute logística, transportes e ferrovias em Chapecó A...
Dados sobre o cenário e desafios foram apresentados no Painel Move SC, realizado em Chapecó. Move SC discute logística, transportes e ferrovias em Chapecó A cada real faturado pela indústria de Santa Catarina, R$ 0,11 são descontados devido aos custos de logística. Os dados são do estudo Relatório de Custos Logísticos, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), e foram apresentados pelo economista Egídio Antônio Martorano, presidente da Câmara de Transporte e Logística da instituição, durante o Painel Move SC. O evento, realizado em Chapecó (SC) na segunda-feira (2) debateu sobre os avanços e os desafios da logística estadual. ✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp Ainda segundo Martorano, para um PIB de R$ 505,3 bilhões — que foi a média estimada em 2023 — apenas um centavo de redução nos custos representaria uma economia de R$ 5,053 milhões. No entanto, diversos fatores encarecem a logística em Santa Catarina, como a manutenção de veículos, o alto custo dos fretes e a incidência de acidentes. Ainda conforme o presidente, a região Oeste representa, no momento, o maior custo logístico estadual, com até R$ 0,14 gastos a cada real faturado. Do montante total, 64% refere-se ao transporte, enquanto o restante é investido em estoque e armazenagem. Estado é dependente das rodovias No contexto de transporte catarinense, as rodovias ainda exercem protagonismo, ocupando 68,7% da matriz, de acordo com o Ministério de Transportes. Egídio comenta que a diversificação é complexa, já que o processo de construção de uma ferrovia, por exemplo, é bastante demorado. No entanto, destaca-se o setor aquaviário, que já ocupa 18% do índice e tem potencial para crescer ainda mais. Embora fundamentais para a logística catarinense, as rodovias enfrentam problemas de ineficiência — o que, por consequência, aumenta os custos e dificulta as entregas. Segundo um mapeamento do Cenário de Níveis de Serviço Rodoviário no Brasil, o motorista que trafega pelo estado possui uma chance de 50% a 80% de chegar atrasado ao destino final. Outro fator de risco para Santa Catarina é o índice de acidentes, uma vez que o estado ocupa a segunda colocação nacional em quantidade de ocorrências. Entre 2011 a 2023, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram mais de 150 mil acidentes, com 5.760 mortes. O custo médio desses acontecimentos é de R$ 28,3 bilhões para os cofres públicos, o que envolve custos materiais e de saúde. Desafios de investimento e gestão Ainda de acordo com Martorano, o estado enfrenta um grave problema com a falta de investimento, o que atrapalha o andamento das obras. O Monitora Fiesc, que acompanha projetos de infraestrutura de transporte de Santa Catarina, aponta que 70% das 33 obras estaduais estão com o prazo expirado ou comprometido. "Os segmentos problemáticos, como a BR-470 e a BR-280, estão paralisados e vai ser difícil resolver. Portanto, esse é o retrato da nossa infraestrutura. E os principais motivos são o investimento e a falta de gestão. Vemos erros de projeto, licenciamento ambiental e falta de recursos", comenta o presidente. Solução está no planejamento Para contornar os problemas, Martorano sugere o desenvolvimento de um planejamento apurado, que considere projeções, alternativas e diversificação da matriz. Ainda, segundo o especialista, há a necessidade de reforçar o Plano Aeroviário de Santa Catarina, através de melhorias nos aeroportos e dinamismo para atingir resultados significativos diante do crescimento das cidades. Destacou, ainda, a necessidade de construir um plano de logística resiliente com o objetivo de preparar as rodovias para emergências climáticas, a exemplo das chuvas. Atualmente, eventos climáticos têm resultado no fechamento de trechos e na danificação da pavimentação, o que atrasa e gera prejuízos no transporte. "Essas situações adversas precisam de um plano, elaborado junto com a Defesa Civil e o DNIT. Os eventos climáticos severos têm sido cada vez mais constantes e cada vez mais críticos", comenta. Ele comenta que a falta de planejamento acaba gerando prejuízos como o aumento do frete marítimo, o comprometimento da cadeia, o aumento de gastos com estadia e armazenagem dos produtos, e, por fim, o comprometimento dos contratos internacionais, o que gera perda na competitividade. Outro aspecto sugerido pelo presidente é o fomento das Parcerias Público Privadas (PPPs), que podem contribuir para tornar as rodovias independentes dos recursos da União. Corredor Logístico Natural Central Catarinense Uma das respostas aos problemas logísticos catarinenses é o Corredor Logístico Natural Central Catarinense, uma rota histórica mapeada pela FIESC. O trecho é utilizado pela indústria da região Oeste de Santa Catarina para transportar mercadorias aos portos catarinenses e abastecer-se de matérias-primas, e é formado pelas rodovias: BR-163 no Extremo Oeste; trecho da BR-282 que se estende do Extremo Oeste até a confluência com a BR-470, em Campos Novos; e segmento da BR-470 que vai de Campos Novos até o litoral. De acordo com a Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), cerca de 70% das exportações de Santa Catarina passam por este corredor. Já Martorano destaca que todos os segmentos podem desfrutar do corredor para conectar Santa Catarina com o Brasil e com o mundo. Reveja o painel Move SC em Chapecó ✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp VÍDEOS: mais assistidos do g1 SC nos últimos 7 dias